"Por quê ainda temos mais vidro que lata de alumínio?" É a pergunta que uma amiga me fez e tem ecoado em mim com inúmeras justificativas ouvidas ao longo de sete anos de ativismo e pesquisas motivadas pela criação de conteúdo para o @sustentaoque.
Tá aí uma questão que gostaria de direcionar à @abreembalagembrasil associação que reúne as indústrias do setor e que em abril de 2024 dever realizar mais um dos seus grandes eventos, com diversos painéis de discussão a respeito deste que é um dos fatores de maior geração de resíduos do país, as embalagens.
De acordo com seu último anuário (2022) a produção de embalagens cresceu 3,9%, atingindo R$ 123,2 bilhões, o que já nos indica um dos principais impulsionadores desta indústria (o capital, lucro, bufunfa, faz nos rir) e por consequência, um dos maiores propulsores do comportamento do “mercado".
Bilhões não são abandonados com facilidade, nem se o consumidor quiser muito, o que, no máximo, se busca é a “sustentabilidade” em sua concepção mais ultrapassada, ou seja, fazer mais, com menos recursos e de maneira social e ambientalmente mais “amigável”.
Mas é claro, que não seremos ingênuos em ignorar os interesses do, também bilionário setor de alimentos, que, conforme a Associação Brasileiro da Indústria de Alimentos (ABIA), em 2022, movimentou R$ 771 bilhões. Este setor se defende alegando que a embalagem é um fator essencial para a conservação e o combate ao desperdício de alimentos, mas também é um setor que utiliza inúmeras combinações químicas indecifráveis (até para especialistas), das quais, muitas têm como origem o petróleo.
E assim voltamos à temática do plástico, aquele resíduo da indústria da nafta, que se mostrou altamente adaptável a todo o qualquer tipo de uso e faz parte da vida de 99% dos seres humanos na Terra em 2023.
Um livrinho distribuído pela Braskem há alguns anos em um evento de sustentabilidade mostra como os investimentos da indústria foram disseminando a aplicação deste componente na vida moderna e associando a ele a ideia de praticidade, modernidade e economia.
O que ninguém fala em nenhuma propaganda é o custo da saúde pública associado às emissões, à poluição e à contaminação humana e não humana causada pelas micropartículas que restam deste material após algumas décadas sendo descartados ou virando resíduos indesejáveis em todos os cantos do planeta. Qual indenização seria devida e justa ao comprovarmos que além de estar em todas as torneiras de água da rede pública das grandes capitais brasileiras, o plástico já se instalou em nossas células?
O pior de tudo continua sendo o que a gente não enxerga, vale tanto para o processo de extração das plataformas e poços de exploração de petróleo quanto para o machismo estrutural.
Em 7 anos a sacolinha plástica que a gente via voando na sarjeta virou um disruptor hormonal encontrado tanto no fundo do mar quanto na placenta humana! Esse derivado de petróleo é tão onipresente na vida humana contemporânea que não há como identificar como ele chegou na corrente sanguínea ou como prever que efeito ele traz.
Mais uma vez nos deparamos com a complexidade da vida atual, como isolar os múltiplos fatores favoráveis a doenças como o câncer por exemplo.
Mas essa poluição plástica certamente tem um grande peso na equação.
Ainda assim temos assistido um aumento ininterrupto e alguns movimentos muito lentos e superficiais dos maiores causadores: basta ver como o texto da Cop 28 foi finalizado: “a transição para longe dos combustíveis fósseis”. Sem prazos, metas nem informações sobre recursos financeiros, mas, pela primeira vez em 30 anos, os principais causadores da emergência climática foram alvo do texto final.” (@observatóriodoclima)
Imagem do post de 21 de janeiro de 2017
Uma coisa, infelizmente, não mudou muito. Os maiores responsáveis, que fogem das consequências são os que mais lucram com ela.
Já está claro e revelado que os maiores poluidores são os países mais ricos, os que ostentam, desperdiçam e “fazem a roda girar”, a roda da caixa registradora, a rodada economia nefasta que tá levando a gente pros tempos da ebulição climática.
E ainda não encontrei melhor resposta do que essa que a natureza sempre nos mostra: se a gente se unir, colaborar e pensar na saúde do sistema, a gente muda o que a gente quiser.
Topa?
Os links dos posts estão incorporados ao texto, na esperança de manter vivo um trabalho que já dura 7 anos.
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