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Políticas públicas nos primeiros mil dias de vida

Políticas públicas nos primeiros mil dias de vida
Monique Brasil Ribeiro
out. 12 - 5 min de leitura
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Muito se fala sobre a responsabilidade dos pais, e principalmente das mães, a respeito dos cuidados e educação que seu filho recebe, principalmente no início da vida. Desde a concepção do bebê, a mãe deve fazer corretamente o pré natal, se alimentar de forma saudável, e depois, o bebê também precisa ser acompanhando por um pediatra, precisa se alimentar exclusivamente de leite até os 6 primeiros meses de vida, precisa ter uma boa introdução alimentar, precisa brincar para se desenvolver física e intelectualmente, mas, será que os pais, e a mãe, tem condições de dar conta de tudo sozinha? Qual o papel do governo na concepção, cuidado e educação das crianças desde o início da vida? 
Nos primeiros 270 dias de vida do bebê, ele está na barriga da mãe, e dependendo da situação sócio-economica que essa mulher se encontra, ela não terá acesso a uma alimentação saudável, ela pode residir numa zona chamada de deserto alimentar por exemplo, sem acesso a comida fresca e natural, sem acesso a informação sobre como compor um prato saudável,  muitas vezes sem nem água potável. Além disso, ela pode não ter acesso a um acompanhamento de pre natal adequado, afinal, vivem faltando médicos e vagas para atendimento de consultas nos hospitais e postos públicos de saúde né?! Se seu bebê tiver qualquer necessidade de acompanhamento mais próximo, ele já estará enfrentando a precariedade do serviço público desde muito cedo. Além disso, ainda nesses 270 dias, a mulher precisa ter acesso a um parto seguro e humanizado, maaaas, humanizado, sabemos que não ocorre nem em hospitais privados não é mesmo? Aliás, isso é algo inclusive que muitas vezes o SUS é melhor do que o setor privado, porém, apesar do SUS ter o maior índice de partos normais, também sabemos que parto normal não é sinônimo de humanização, a manobra de kristeller está aí pra provar isso, ou seja, muitas vezes a mulher não tem pra onde fugir. Se ela não tiver acesso a uma equipe realmente humanizada, a probabilidade dela passar por alguma violência obstétrica é grande. Passamos pela gravidez e pelo parto, agora é hora de amamentar, você mãe, seja em hospital público ou privado, teve acesso a informações adequadas sobre como funcionaria a amamentação? Eu não tive, eu, que estudei MUITO, fiz curso de preparação, pari em um bom hospital, me planejei, e mesmo assim, me sinto mal assistida, pois descobri hipoplasia mamária, somente depois de fazer uma consulta de amamentação, fico imaginando então, a maioria das mulheres que nem imaginam o quanto deveria buscar mais informação, o quanto não recebem essa informação. Temos alem das dificuldades de se amamentar, a cultura do desmame, e só aqui dá pra sair um outro texto gigante, e desde a falta de acesso à informação, falta de campanhas de incentivo a doação de leite materno, de conscientização quanto à importância do aleitamento materno exclusivo, também não há políticas públicas que garantam que as mulheres possam amamentar exclusivamente até os 6 meses de vida do bebê. A maioria volta ao trabalho com 4 meses e já inicia precocemente a introdução alimentar por diversas dificuldades que encontra, aí já embarcamos em uma outra garantia que a criança não tem nos seus primeiros meses de vida, que é o acesso a uma introdução alimentar adequada, e novamente, falta informação, falta conscientização, faltam campanhas, falta o básico, que é a própria COMIDA de verdade pro bebê se alimentar. E daqui dá pra sair mais um textão exclusivo...A verdade é que por fim, entendemos que o sistema como um TODO, não se preocupa com o ser humano, desde antes de seu próprio nascimento, a assistência é zero, e as políticas públicas vão de encontro ao que o mercado quer...Indivíduos não assistidos, mal educados, mal alimentados, que façam parte do sistema sem questionar se esse sistema é feito para proporcionar seu bem estar e segurança, e apenas consuma o que lhe derem, trabalhando incansavelmente, para consumir os produtos das empresas que interferem no setor público, que os deixa desassistidos justamente para entrarem nessa grande engrenagem do capitalismo. É possível que mesmo dentro do capitalismo existam políticas públicas que garantam essa questões para o ser humano que está chegando nessa Terra? Não!!!! Nunca será para todos!!!!! Um país que garante isso aos seus filhos, pode ter certeza que certamente está interferindo nas políticas públicas de outro país pobre e emergente, que lhe fornece diversos produtos e matérias primas, e explora seus filhos para continuar conseguindo fornecer para outro país de primeiro mundo. Deu pra entender? Me pego escrevendo como penso, e não sei se meus devaneios chegam a todos de forma clara, mas a verdade é que pra que um ser humano tenha ao menos seus primeiros 1000 dias, bem assistidos, o sistema precisa mudar, pra que as políticas públicas mudem. E eu nem mencionei aqui, o acesso a escolinha na primeira infância, e diversas outras questões que cabem nesses primeiros dias de vida. 


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