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Maternidade política

Maternidade política
Monique Brasil Ribeiro
out. 26 - 3 min de leitura
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Todo o sistema está errado, o capitalismo não valoriza a vida! Desde o nascimento, o bebê é submetido a processos e produtos que foram criados pelo sistema.

Para nos afastar desse EU natural, já na barriga da mãe, esse bebê é submetido a intervenções desnecessárias, apenas para atender um sistema de saúde insano, seja público ou privado. Ultrassons desnecessários, mas que aumentam a arrecadação das clínicas, intervenções cirúrgicas desnecessárias para encher a agenda dos médicos e conseguirem fazer mais partos e receberem mais, já que o sistema também não os paga devidamente, fórmulas desde a maternidade, porque não há tempo hábil para ajudar uma mãe a fazer a pega correta, fralda descartável, porque afinal, o que pode ser mais prático do que isso? Não temos tempo!!!

A mãe segue desinformada sobre tudo o que pode ocorrer na amamentação, e adquire logo uma mamadeira, também uma chupeta, estoca fraldas, já planeja seu retorno ao trabalho e logo, seu bebê de 4 meses estará na creche. Pois bem, a questão é que, mesmo se essa mãe tivesse adquirido todo o conhecimento necessário para fazer diferente, ela teria condições de fazê-lo? NÃO! Porque nós, mulheres, e nossos bebês, mesmo que em recortes diferentes, temos nossos direitos negados. A licença maternidade não é suficiente para garantir o aleitamento materno, o sistema de saúde não prioriza a vinda de um bebê através de um parto humanizado, entre tantos outros direitos, que nos são negados. 
E é desse sistema, que retira a autonomia da mulher e que a fragiliza, que a indústria se apropria para oferecer seus produtos; leites artificiais, mamadeiras, chupetas, que são usados indiscriminadamente, devido não somente à falta de acesso a informação por parte da mãe, mas também à sua condição social, enquanto uma mulher que precisa sair e trabalhar, ou que por "n" motivos, não consegue exercer com plenitude sua maternidade.

Todas somos atingidas! Desde as que ficam em casa e têm suas obrigações domésticas não remuneradas a cumprir, até as profissionais que precisam planejar seu retorno ao trabalho prematuramente, e principalmente aquelas que precisam sair de casa, antes mesmo de completar os primeiros 4 meses de vida de seu bebê, pois nem carteira assinada têm.

O que muda entre cada uma de nós? É que umas podem comprar o leite e a mamadeira mais cara, enquanto outras vão completar a alimentação de seus filhos com outros tipos de farinha e leites mais baratos, é o que acontece com a mulher preta e pobre, mas todas, estamos sendo impedidas pelo capitalismo, de exercer com plenitude a maternidade, e quando conseguimos, algo que é um DIREITO se torna um PRIVILÉGIO de poucas. Portanto, também, a questão não é o que cada uma faz, isso só gera disputa e empobrece o debate, que deve ser feito na esfera política e não pessoal, devemos atacar a doença e não seus sintomas.
 


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