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Luxo & Sustentabilidade. Será que essa conta fecha?

Luxo & Sustentabilidade. Será que essa conta fecha?
Daniela Delfini de Campos
out. 30 - 5 min de leitura
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De acordo com o Oxford Languages, em consulta livre na internet, luxo nos remete à ideia de ostentação, despesas excessivas e surpérfluo:

À primeira vista, um perfeito contraponto ao conceito mais conhecido de sustentabilidade que carrega em si a noção daquilo que se sustenta, que perdura ao longo do tempo e que, nos últimos anos significa tudo o que precisamos fazer para sobreviver como espécie na Terra.

Ou seja, precisamos entender que somos parte de um ecossistema interdependente, que vem sofrendo mudanças irreversíveis diante do nosso estilo de vida e de como nos organizamos em sociedade. Desde a era industrial, a fim de promover a recuperação econômica após as guerras - que nós mesmos criamos - aumentamos a nossa capacidade de produzir "coisas" e estimulamos o consumo a tal ponto, que ultrapassamos a própria capacidade regenerativa dos sistemas naturais, ignorando impactos de dimensões planetárias como a emergência climática.

Em meio a este desenvolvimento acelerado, assistimos ao crescimento da população mundial e ao aumento da distância entre os que enriqueciam e os demais, especialmente os mais pobres. Tal distanciamento foi ainda mais demarcado pela ascensão de marcas, produtos e todo um segmento diferenciado pelo conceito de luxo.

A Terra continuou suas voltas em torno do sol e mais algumas décadas foram suficientes para notar que o desenvolvimento econômico, na forma como se deu, trouxe com ele impactos ambientais insustentáveis, também entendidos como escassez dos recursos necessários para a manutenção da vida humana. Ou seja, de acordo com uma estimativa denominada pegada ecológica, os mais ricos consomem o equivalente a 7 ou até 8 planetas, enquanto os mais pobres oscilam entre 0,5 e 0,7 e está formado o dilema central da nossa espécie: a sustentabilidade da nossa espécie na Terra.

Se a ideia de luxo nos remete à opulência, também associada à desperdício, logo, é impossível que o mercado de luxo adote conceitos da sustentabilidade, será? 

Um olhar mais curioso sobre o conceito de luxo me levou à uma pesquisa do SPC Brasil, que entrevistou 945 pessoas em 27 capitais brasileiras em 2015. Neste estudo podemos notar que o conceito de luxo, assim como toda a sociedade evoluiu e se transformou e que, além disso, há diferentes percepções sobre o que é luxo, para cada público, de acordo com gênero, idade ou classe social (renda). Assim temos uma ampliação do conceito que vai além da aquisição de bens e marcas caras (mais comum para os que têm menor poder aquisitivo) e se caracteriza por experiências e outros valores agregados (especialmente para os mais abastecidos financeiramente).

Ou seja, o luxo é também associado ao que se deseja, mas não está à disposição cotidianamente como por exemplo "tempo para estar com a família e amigos".

Indo mais além nesta breve pesquisa, encontrei especialistas do mercado de luxo como o economista e CEO da DIOMEDEA, que atua especificamente com este público e que afirma que, sustentabilidade na moda é pre-requisito e que seu trabalho busca a mudança de todo o sistema (econômico onde a moda está inserida) para uma nova dinâmica de mercado que seja sustentável, o que vai muito além de marketing, marcas e empresas. Autor dos livros A revolução do fast-fashion (2010) e A economia da moda (2017), Enrico Cietta também nos alerta, em uma entrevista à Maria de Fátima Mattos, sobre a visão dos mellenials e a necessidade de transformação do processo de construção de valor e do modelo de negócio escolhido pelas empresas que pretendem perdurar na categoria luxo.

E foi sobre isso que conversei no dia 30.out.2020 em uma live no Instagram, com a editora contribuinte de sustentabilidade da Vogue Brasil, Fernanda Simon. A sustentabilidade, assim como o luxo, sendo considerados em sua grandiosidade conceitual, nos permitem visões muito individuais e que necessitam de atualização constante. Também conversamos sobre possíveis formas de conscientização e de primeiros passos para esta jornada que se inicia com a conscientização e passa para a ação, a responsabilização e a transformação.

Resignificamos assim o meu próprio conceito de luxo, concluindo que, em um país com 13,8 milhões de pessoas desempregadas, 1 milhão a mais que há 3 meses, o maior luxo de todos é termos uma sociedade próspera, com educação, saúde, saneamento e oportunidades acessíveis a todos.

Confira a live e comente: O QUE É LUXO PRA VOCÊ?

E sustentabilidade? Quer entender melhor este conceito e saber como aplicar em sua vida? Inscreva-se no grupo Sustentaoquê aqui na comunidade e vamos conversar ;)


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